sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A CIDADÃ CORA CORALINA



O jornal O Estado de São Paulo de 3 de outubro de 1921 publicou um artigo intitulado “Idéias e comemorações” de autoria de Cora Coralina.
No artigo, Cora Coralina sugeriu a exibição de filmes de curta metragem que deveriam ser exibidos em todos os cinemas do país, retratando a cultura, paisagem, costumes e a arte de cada estado brasileiro.
Hoje, passados 81 anos de sua publicação, a sugestão demonstra, mais do que nunca, uma lição de cidadania e visão avançada focada em seu país.
E “antes que o tempo passe tudo a raso” transcrevo parte da crônica como comprovação da amplidão do pensamento de Cora Coralina.
“E viria em primeiro plano S.Paulo com o esplendor dos seus cafezais compactos, em todas as fases do plantio, cultura, florescência, colheita, exportação, enriquecendo direta e indiretamente o país, o estado e o município, o fazendeiro e o colono. As suas indústrias prosperam, suas cidades de cinco anos já aparelhadas e feitas para a vida de cidades grandes. Depois Minas com seu industrialismo de laticínios, seus rebanhos médio e suas velhas tradições históricas. Bahia com sua cultura de cacaueiros, toneladas de expçortação (...) Paraná com sua erva mate, suas madeiras de lei e sua seiva maravilhosa. Rio Grande do Sul com as charqueadas, suas indústrias adiantadas (...) e o interessante gaúcho de poncho amplo e chapéu largo. Pernambuco e Alagoas com suas grandes usinas açucareiras. O Amazonas com sua borracha, dando-nos curiosos e inéditos aspectos da vida dos seringais. Mato Grosso com sua ferocidade de terras virgens, abertas, a remunerar todas as iniciativas do homem, seja criando, seja plantando. E Goyaz, o olvidado, o desconhecido Goyaz, perdido e isolado no centro do Brasil, mais ignorado dos próprios brasileiros do que todos os outros Estados da Confederação, relegado sempre na distribuição dos favores oficias, vivendo vida inteiramente à parte progredindo mais pelo instinto natural das coisas do que pelo consenso dos governos que desconhecem impatrioticamente as possibilidades econômicas do Brasil Central” (CORALINA, Cora. Idéias e Comemorações, jornal O estado de São Paulo, 3 out. 1921. Acervo do Museu Casa de Cora Coralina.)

Hoje a visão de cada Estado brasileiro não seria a mesma, mas com certeza, se seu pedido tivesse sido atendido, o Brasil de hoje não seria como é.

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