sexta-feira, 29 de maio de 2009

MUITO PRAZER, CHIQUINHA CLIPPER!



Uma noite, levantei-me para ir ao banheiro e meio dormindo meio acordada, olhei pra sala através do corredor e vi um vulto em pé olhando diretamente para mim. Entrei no banheiro voando, assustada e após um suspiro de recomposição, fui olhando lentamente, primeiro um olho depois o outro, para me certificar se a miragem ainda estava ali. E não é que vi novamente a pessoa olhando pra mim! Aos pulos meu coração e eu nos escondemos. Refiz a cena algumas vezes e a cada olhada a imagem parecia mais viva, fui ficando cada vez mais apavorada. A pessoa continuava lá, paradinha, olhando para mim. Até a vontade de ir ao banheiro passou. Só tinha um pensamento: como essa pessoa entrou aqui em casa??? Como???. Resolvi enfim, enfrentar o problema de frente: saí do banheiro e fui caminhando lentamente em sua direção. De repente, tive um ataque de riso na madrugada silenciosa.
Uns três dias antes do ocorrido, tinha ganhado da Cidú, um presente maravilhoso, pra mim que não tenho filhos: uma filha de mentirinha. Já veio batizada: Chiquinha. Era um manequim de uma menina. Trazê-la para minha casa na garupa da moto, já tinha sido uma experiência e tanto, imaginem uma motoqueira com uma menina estranha na garupa da moto, angariei muitos olhares espantados e risonhos no trajeto.
A menina precisava de um sobrenome,lembrei-me dos manequins da antiga Clipper(uma das primeiras lojas de departamento de Ribeirão, que ficava ali onde hoje é a Associação Comercial). Pronto, nascia assim CHIQUINHA CLIPPER, minha companheira e chamariz para as crianças que vão em casa. Os trigêmeos, filhos do Cleido e da Claudia, por exemplo, chegam em casa vão até ela e dizem: "Oi Chiquinha!" e nem questionam o porquê do silêncio da menina!
Vai aí uma foto da Chiquinha Clipper com a Serena, minha sobrinha de carne e osso, num momento carinhoso.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

TINA NA IX FEIRA DO LIVRO

Estou começando as "viagens" para participar na Feira do Livro. Nesse ano estou envolvida com a nossa poeta homenageada CORA CORALINA. Sua vida e seus poemas já começaram a fazer parte de mim...
Estamos tão acostumados com as imagens que vemos de Cora, que é quase impossível pensar nela antes daqueles cabelinhos brancos e o rostinho envelhecido. Pois vai aí uma foto em que ela ainda era Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas. Somente aos 50 anos ela se rebatizou, escolheu por vontade própria, depois de tanto procurar, Cora Coralina. Precisava de um novo nome para SER. E assim foi!
(fotos do arquivo iconográfico de Cora Coralina)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

PENSANDO EM DAVID HUME

"Não é porque as coisas sempre aconteceram no passado que irão sempre acontecer no futuro."


David Hume (1711-1776) - "o filósofo da natureza humana"

BORDADOS TÃO LINDOS...

Foi em Mauá, na casa da minha “cumade” Lili que conheci o livro dos bordados! Que delícia para os olhos. Fiquei encantada e tirei muitas fotos do livro. Bordar deve ser muito bom, um dia ainda vou arriscar...
O grupo Matizes Dumont é formado por seis artistas da mesma família de Pirapora (MG): a mãe, Antônia Zulma Diniz Dumont, e cinco filhos, Ângela, Marilu, Martha, Sávia e Demóstenes. Para bordar as histórias, os artistas apostaram em técnicas antigas para retratar o cotidiano e os sentimentos, recriando a diversidade cromática da pintura, a partir da observação da natureza. Os bordados são baseados nos desenhos do artista Demóstenes Dumont Vargas e a partir deles as telas são criadas com linhas de cores fortes e texturas variadas. Depois de prontas, são fotografadas e viram ilustrações de livros.
Para saber mais: www.matizesbordadosdumont.com

terça-feira, 26 de maio de 2009

OS SAPATOS FALAM POR SI...

Certa manhã,um homem apertou a campainha de sua casa. Era um andarilho. Ela olhando desconfiada entre as grades do portão, perguntou o que ele queria, ele disse que gostaria de trocar, o que tinha no saco plástico escuro, por um sanduíche. Ela ficou curiosa e foi ver o que era. Quando viu o conteúdo, segundo ela mesma, pensou: "Nossa, isso é a cara da Tina". Não teve dúvidas, fez a barganha. Ligou-me dizendo que tinha um presente pra mim e que eu fosse buscar, urgente, pois estava louca pra saborear minha cara abrindo o pacote. Voei até lá. Não sei se vocês imaginam o que é uma contadora de histórias ganhar de presente os "VERDADEIROS SAPATOS DA CINDERELA"!!! Quase tive um ataque de alegria!!!! Sempre serei grata por esse presente!
Estreiei os sapatos no show "O Cometa Noel", mas isso é uma outra história...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

CONTÍCULOS


Maria José casou com José Maria, que também era de Ituiumbara e também gostava de excursionismo; mas não foram as coincidências que a atraíram: foi uma certa fascinação intelectual. José Maria foi o primeiro homem que Maria José conheceu que usava “outrossim”. Usava errado, mas isto Maria José nunca descobriu, e foram muito felizes.

Todas as Comédias - Luis Fernando Verissimo

GRUPO DE LEITURA DOM QUIXOTE



PARABÉNS!!! Mariza, Graciette, Jael, Dimas e Natacha


domingo, 24 de maio de 2009

RIR É UM SANTO REMÉDIO...

Bom mesmo é rir. Rir acompanhada. Rir sozinha. Rir de noite e de dia. Tudo se ameniza com o riso. Por isso o riso é um bom lenitivo, traz conforto, alívio e consolação.

JOGO EDUCATIVO: ONDE ESTÁ TINA??????



CHUVA DE OVOS





Onze horas da manhã ensolarada de um domingo caminhei em direção à rodoviaria. São Paulo era meu destino. Comprei a passagem para meio dia, pensei que pouca gente pudesse estar viajando nesse horário, mas enganei-me. Quase lotação. Sentei-me no quarto banco – corredor. Ao meu lado uma garota. Meio dia e dez minutos passados e nada do ônibus sair. Quase meia hora de atraso quando entra meio esbaforido um homem com bonitos cabelos grisalhos e óculos escuros modernos, carregando na mão uma sacola branca de plástico duro. Encontrou na segunda fileira o seu lugar. Levanta a sacola e começa guardá-la no porta malas que fica nas laterais do teto do ônibus. Meus olhos levantam-se do livro que estava lendo e fixaram a ação do homem guardando sua sacola quando, num átimo de segundo, de dentro da sacola escorrega uma cartela de ovos caipiras, visto que eram grandes e vermelhos. O homem, desesperado, tenta pegar os ovos que vão se espalhando no ar, no primeiro que ele bate a mão, na tentativa de segurá-lo, o ovo faz uma curva no ar e bate bem no coco do passageiro todo arrumadinho e de cabelos ainda molhados do bom banho tomado antes do embarque. O passageiro levanta uma das mãos na tentativa de livrar-se da futura omelete, mas seu gesto é em vão, o ovo bate em sua cabeça deixando o rastro amarelo forte de ovo caipira escorrer cabeça a baixo. A mão em concha tenta impedir que gema e clara, obedecendo a lei da gravidade, escorram para dentro de seu ouvido.
Enquanto isso o malabarista de ovos dá um outro tapa certeiro na peteca-de-ovo em busca de salvaguardar a outra passageira do perigo. Ela olha extasiada para o ovo voador que insiste em ir para seu lado, levanta a mão mas rapidamente o ombro desnudo da passageira passa a ter uma cor diferente – amarelo manga.
Eu extasiada com a seqüência desses acontecimentos comecei a ser sacudida por dentro por uma forte vontade de rir que foi aumentando e eu já imaginando o que aconteceria quando de minha boca explodisse a risada-característica-de-coisas-que-acho-muiiiiiito-engraçadas. Antecipei o ato tapando minha boca, o que não foi boa idéia, já que o riso sufocado ao encontrar o escape entre os dedos explode de forma pior do que a risada normal. Não suportei e explodi. Ri. Mas ri com tanta vontade que a minha companheira de poltrona e o casal ao lado foram contaminas e começaram a rir também de mim e o riso foi total.
O homem dos ovos caipiras, colocou as mãos na cabeça e olhava o estrago, não conseguia acreditar no que via, balançava a cabeça negativamente e dizia sem parar – “ Não pode ser, não acredito que aconteceu isso comigo”. Quando sentiu que risos pipocavam no ar ele olhou fixamente para mim e disse: “ A senhora vai ter muito que contar para sua vizinha e o senhor aí, já te aconteceu uma dessa? Tenho certeza que não, só comigo poderia acontecer “, essas palavras dele fizeram minha explosão de risos aumentar, e o casal e a moça ao meu lado, todos rimos muito até que com a chegada da faxineira da rodoviária os risos foram se acalmando enquanto ela espreiava um líquido cheiroso no chão e nas poltronas batizadas, limpando o estrago.
Nesse momento começou minha agonia, somente eu não conseguia parar de rir. Em minha cabeça passava somente o filme em câmera lenta, dos braços do homem no ar tentando segurar a chuva de ovos. Comecei a pedir a Deus, pensar em alguma simpatia, rezar, enfim queria que alguma coisa fizesse eu ter pensamentos tristes para parar de rir, isto é, de sacudir na cadeira e enxugar as lágrimas que não paravam de descer de meus olhos risonhos e desesperados. Talvez, neste momento, eu tenha sofrido mais do que o homem-dos-ovos-caipiras. Os músculos do meu estômago começaram a se contorcer e quanto mais eu tentava parar de rir mais a risada saía com tudo. Até seria bom que eu perdesse o fôlego, assim, roxa eu pudesse parar de rir. Quase comecei a chorar de desespero, mas quem iria acreditar que era esse o sentido de meu riso?
Foi então que quando já estava começando a roxear fui voltando a mim sem saber como e o por quê. Mais calma, finquei meus olhos na leitura e com a cabeça baixa, para que nada fizesse a cena voltar à minha mente, fui acalmando... acalmando... até como fiquei: quieta e séria. Pronto acalmei.
Quando tudo já estava tranqüilo dentro do ônibus um telefone toca, era o do homem dos ovos, ele atende e começa a relatar o acontecido para alguém, que do outro lado da linha respondia com voz estridente de mulher palavras incompreensíveis para nós, mas que o homem respondia com “eu sei, eu sei, como pude ser tão idiota e não embrulhar os ovos.
Meu Deus, e agora? Os músculos do meu estômago começaram a se contorcer e eu senti algo chegando, era o riso vindo... vindo... vindo... ovante como nunca. Tina oliveira


RIR PRA NÃO CHORAR

Embaixo do meu prédio tem a livraria do Helder (vende também natura, tapetes, bonecas de pano e outras coisinhas). Um rapaz muito simpático e sorridente. Outro dia conversando ele me contou essa história - Tina, às vezes fico olhando essa moçada que parece saber de muita coisa  e me admiro. Outro dia uma menina do Guimarães Júnior, cursando a oitava sérieisso mesmo oitava sérieveio aqui e perguntou quanto custava a bala, e eu disse R$ 0,05 centavos cada uma, ela pediu cinqüenta centavos, peguei cinco balas e dei a ela. Ela agradeceu e virou as costas. Eu chamei e perguntei se estava certo o números de balas,  ela disse que sim. Dei-lhe mais cinco balas e pedi que fizesse a conta se estava certo ou errado. Ela demorou um pouco e disse – Ah! Sei !?!?! Impressionado continuei pesquisando.Perguntei como chamava  esse sinal: ?  e ela disse ah! Não sei não, sei que é de pergunta. E esse: ! , insisti , ela olhou e riu e respondeu - Piorou. Numa última tentativa  perguntei e esses sinaizinhos ..., ah! Sei não, acho que é resistência... Virou-me as costas e se foi... Depois dessa, quem ficou admirada fui eu. E não é de admirar  mesmo?????

 



sexta-feira, 22 de maio de 2009

TINA-TECA CALAZANS





Há algum tempo Cleido Vasconcelos (amigo de longa data e do coração) contou-me sobre uma coisinha bacana que ele tinha visto na Internet- colagens de imagens – um processo de composição feito com fragmentos de material impresso superpostos ou colados, em nosso caso a imagem do disco reconstruída com os meus braços, causando uma nova sensação visual.Eu como boa seguidora das muitas descobertas do Cleido, fui também fazer a minha colagenzinha. O LP de Teca Calazans foi o que melhor encontrei em minha discoteca para exercitar a experiência. Não precisei de muita coisa, o Mur fotografou, o disco na mão, e boas risadas foram suficientes para o novo resultado: Tina-Teca Calazans.

A cantora que tem mais de 20 discos gravados, é uma artista pernambucana que construiu uma trajetória de bom gosto e sua carreira é marcada por uma coerência dificilmente encontrada no show-business, o que certamente explica nunca haver figurado entre “os mais tocados” e ter-se tornado uma artista cult".

Para saber mais sobre Teca Calazans: http://www.tecacalazans.com/bresil/html/biographie_02.htm

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Só sei que fiquei emocionada...

Impressões da Contadora de Histórias

SEBO LITERÁRIO E ALGO MAIS – 75 anos da USP
Espetáculo realizado no palco do Espaço Cultural Capela da USP
20/05/2009 – 10:00h

VAI HISTÓRIA AÍ?

“A atriz Tina Oliveira, ao contar histórias, cria um ambiente de divertimento e interação com o público infantil propício para a vivência da magia e do encantamento contidos nas histórias.”


A apresentação seria às 10h da manhã. No caminho imaginei meu público: umas 40 crianças da creche Carochinha, com idade de 0 a 6 anos, minha concentração deveria ser dobrada, pois quanto mais novo o ouvinte, mais cuidado e atenção com as palavras, são necessários. O palco caprichado com luz quente e o som perfeito. Minhas crianças ali... esperando o aparecimento da contadora de histórias. Só de ouvir do camarim o som ondulante dos gritinhos e risos vindos da platéia, o coração dispara. Dito e feito.
Até que todos sejam fisgados, há que ser calma e mais olhar nos olhinhos, que são medidores de atenção em primeiro lugar. Olhos nos olhos fisgados, então podemos começar a brincar... As professoras também são público importante nessas ocasiões, as crianças adoram compartilhar o divertimento com elas, e como as professoras aproveitaram! Riram, cantaram, dançaram e gozaram, comigo e com as crianças, bons momentos de alegria.
INTERAÇÃO COM AS CRIANÇAS:
Da recepção:

Utilizo a música conscientemente para iniciar minhas apresentações, por acreditar que essa arte prepara o coração das pessoas, no momento da canção os espectadores se concentram e se envolvem comigo. Não foi diferente com as crianças da creche Carochinha. No final da canção de abertura, fiz reverência aguardando os aplausos, um garotinha entusiasticamente gritou: - Bravo!
Eu, como não esperava essa manifestação tão "adulta", comecei a rir compartilhando com as professoras a euforia da criança, criando um clima de aprovação e surpresa. Após esse epísódio, toda vez que eu terminava uma canção, era uma chuva de: - Bravo!.
E ainda tem gente que pensa que criança não reconhece facilmente, um momento envolvente.
A contadora em apuros:
Uma criança que estava bem próxima, disse baixinho pra mim:
- Quero ir ao banheiro!!!
Passei o recado para todos em linguagem labial. Todos entenderam e riram, a professora falou pra criança:
- Agüenta mais um pouquinho...
Eu colocando as mãos no sexo e dobrei os joelhos, como quando estamos “apertados” para ir ao banheiro, rapidamente soltei:
- Acho que ele tem que ir agora senão vai ficar assim. Deixa o Rafael ir ao banheiro professora...
As crianças começaram a rir alto e muitos gritaram "não é Rafael, é Rafaela". Em meio a risadas, a professora levou a Rafaela ao banheiro. Não toquei mais no assunto, mas uma pulguinha ficou gritando ao meu ouvido: "confundiu menina com menino, e nem se explicou". Estou tentando até agora, descobrir o que eu poderia ter dito naquela situação, e não encontro respostas. O que me conforta é que mesmo depois da "gafe" Rafaela divertiu-se muito não aparentando nenhum trauma de "gênero". Ufa!
A contadora aproveita:
Em roda, todos com uma colher de pau imaginária nas mãos, inclusive as professoras, iríamos preparar musicalmente uma sopa deliciosa!
No primeiro refrão a cantora diz: É um, é dois, é três, depois de dois compassos a letra continua, na pausa do compasso, ao meu lado a menina gritou solitária:
- É quatro!
Na primeira vez, somente a voz dela soou. Nós duas rimos. Na segunda vez, incorporei o "é quatro" na canção. Eles entenderam e a partir daí assumimos, todos, cumplicidade no erro. Isso foi muito divertido... E eu ganhei uma criança!!!!!!!!!
A apresentação foi repleta de “pérolas infantis” e nós, os grandes, nos divertimos muito. É um dos grandes prazeres de contar histórias para o público infantil.

Caminhando com Proust


Como Proust entrou na minha vida - TEXTO DE DANIEL PIZA-- A memória da primeira leitura de Proust é como uma dessas lembranças que ficam voltando a seus personagens – um fraseado de sonata, um bolinho de baunilha, um muro pintado de amarelo num quadro – em ondas, cada qual portadora de novas perspectivas, de novas redes de percepções. É um bom teste para a arte, como para um vinho: a persistência de um afeto, o modo como um detalhe reacende toda uma teia de associações. E é o tema por excelência de Em busca do tempo perdido, seu ciclo de romances em sete volumes, que os brasileiros têm a sorte de poder ler na tradução de Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade e outros. No final de 2006, a editora Globo começou a relançá-los, com maior aparato editorial (notas, resumos, etc.) e projeto gráfico de Raul Loureiro, muito feliz na escolha das cores de capa e da elegante fonte Walbaum. Claro, me remeteu à primeira vez que li No caminho de Swann, o volume inicial, traduzido por Quintana. Eu tinha 16 anos, estava sentado à escrivaninha em que deveria fazer a lição de casa, a tarde queimava lá fora e, de repente, não havia mais nada senão as frases de Proust, dotadas da capacidade de nos retratar um mundo específico e ao mesmo tempo nos chamar a atenção para elas mesmas, sem prejuízo da fluência. Muitos estranham quando começam a ler Proust, porque a ação é lenta e a observação, detalhista. Mas, sem saber que o crítico e poeta Paul Valéry já reclamara dos romances que começam com “A duquesa acordou às 10 horas”, fiquei fascinado pela maneira como Proust não apenas descrevia pessoas e objetos, mas sobretudo como fazia isso discutindo – na mesma tonalidade – questões filosóficas, estéticas e sociais. A narrativa e o ensaio jamais tinham estado tão entrelaçados. Acho que é por esse motivo que ocorre o que se poderia chamar de efeito Proust: depois dele, perdemos a paciência para os romances convencionais, historinhas que apelam aos sentimentos para nos dar alguma mensagem moral. Dizem que Virginia Woolf não conseguia escrever mais nada. Mais do que Joyce, embora este tenha sido eleito pelas vanguardas posteriores, Proust condensa e ultrapassa a arte do romance e ninguém o imita sem cair no ridículo. E ele não levou apenas o tema da música e da pintura para a literatura; emprestou seus recursos também. Durante muito tempo respondi à pergunta “Quais são seus romancistas preferidos?” da seguinte maneira: “São três: Proust, Proust e Proust.” E a cada releitura, como em toda obra de gênio, descobri coisas, revi outras e renovei meu espanto pelo cromatismo de seu estilo, que, como Shakespeare, vai do chulo ao chique em poucas linhas. Mas o mais importante, vejo melhor agora, foi o usufruto que Proust fez de sua liberdade, da liberdade – tão perigosa para os imaturos – que Henry James diz haver nas páginas em branco da ficção. Proust, fechado num quarto revestido de cortiça, começou a escrever seu ciclo em 1908, aos 37 anos, depois de três eventos marcantes, não por acaso um histórico, o outro estético e o terceiro pessoal: a eclosão do caso Dreyfus dez anos antes, que fizera Proust defender ardorosamente a inocência do capitão judeu e se afastar da alta sociedade parisiense; a descoberta da obra do crítico de arte inglês John Ruskin um ano antes da morte dele em 1900, que levaria Proust a traduzir seus livros; e a morte de sua mãe, em 1905, dois anos depois da de seu pai. Em suas rupturas houve também a descoberta do que se entregar a produzir. Tal liberdade, tal pujança criativa, nasceu, portanto, da reação crítica ao mundo. Proust tinha visão cética da natureza humana, dos joguetes sociais, das ofertas consoladoras; simultaneamente, eis um indivíduo que se interessava profundamente pela vida, pelos outros, pela natureza, alimentado por vasta curiosidade. Era um crítico com joie de vivre, essa mistura que poucas pessoas compreendem – pessoas para quem, como diz em uma passagem, o prazer parece maligno. Era um quase misantropo, indignado com o mesquinho amor próprio até das pessoas esclarecidas, e um ser gentil e simples. Era um burguês que sabia que a força dos hábitos adormece nossas faculdades: “É em geral com o nosso ser reduzido ao mínimo que nós vivemos.” Foi assim que lê-lo mudou minha vida – por ele ser justamente o oposto da auto-ajuda à qual Alain de Botton tentou convertê-lo em Como Proust pode mudar sua vida, lançando mão de clichês como “a nossa maior chance de felicidade”. Em Proust a felicidade é sempre inconsistente, incompleta, e dela o que teremos são alguns gostos na vida, especialmente gostos que se renovam como o de ler Proust. Para ir além

GRUPO DOM QUIXOTE COMEMORA



As duas aniversariantes do mês de abril - "CrisTINA"


Em nosso grupo de leitura DOM QUIXOTE, teve no mês de abril comemoração de aniversário. Cristina e Tina - Foto mostrando as carinhas de alegria das mulheres e o Menalton num clic brincalhão... Foi muito bom e gostoso já que os quitutes não faltaram. As leituras que fizemos nesse domingo foram: Mistérios de Lygia Fagundes Teles e Canto II d'Os Lusíadas. Ricas impressões de todos não faltaram. Bom mesmo é reunir e conversar sobre literatura, em um domingo ensolarado com pessoas que gostamos.

Histórias de amor...


Um mandarim estava apaixonado por uma cortesã. "Serei sua, disse ela, quando tiver passado cem noites a me esperar sentado num banquinho, no seu jardim, embaixo da minha janela." Mas, na nonagésima nona noite, o mandarim se levantou, pôs o banquinho embaixo do braço e se foi.

Aquela foto do Mur...


O Mur, meu namorado na época, uma tarde distante resolveu fotografar os dois amigos, já que estávamos no stúdio onde o Mur trabalhava como fotógrafo. Essa foto, que tem no verso uma dedicatória (brincalhona) do Orlandinho é uma das imagens que contêm muito do que eramos nos idos de 80... Precisa falar mais alguma coisa? A benção, Orlandim.

'LÁ FÉ DEMAIS, AQUI FÉ DE MENOS"


Quando eu estava na faculdade, o Pelicano fez de presente essa charge para um trabalho sobre os dois países, Brasil e Índia, que iria ilustrar a camiseta e o cartaz do seminário. Enquanto ele desenhava, na cozinha, a Cidu passava um daqueles cafezinhos. Ela, mãe orgulhosa da Solange e dos quatro meninos Villas-Bôas (Orlandinho/Pelicano/Glauco/Maguila).
Expliquei pra Cidu o porquê do desenho. Ela calmamente, mexendo o café na leiteira disse: “Eu sei uma diferença entre esses dois mundos: lá Fé demais, aqui Fé de menos". Caímos na gargalhada!!!!! Então o Pelica disse rindo pra nós duas: "Sabe o que a Madre Teresa tá dizendo pra nós???
- Gandi Betinho, he he he".

Dá pra aguentar uma cena dessa????

BILO E TINA - Bons momentos...