terça-feira, 28 de julho de 2009


"Tem dias que a gente se sente, como quem partiu ou morreu..." É esse, um sentimento universal que abate qualquer um, assim como um vírus, e o que fazemos para neutralizá-lo fica por conta de cada um. Uns choram e gritam e se revoltam, outros procuram ajuda de amigos, profissionais, outros ainda, como eu, se fecham numa concha esperando que o próprio vento que a vida sopra venha amenizar e mandar para longe a sensação de impotência diante das emoções que não sabemos explicar. Mas... o dia nasce e tudo se refaz de alguma forma diferente do que foi ontem... Ainda bem! Portanto, não parti e nem morri, apenas vi o dia nascer de novo e isso me fortaleceu.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

CRIANÇAS RECITANDO PAULO LEMINSKI !!!!!

Coordenei, há um tempo atrás, uma oficina para contadores de história através da Oficina Cultural Cândido Portinari, teve como público alvo pessoas que se interessassem por essa arte, aqui em Ribeirão. Foi uma oficina heterogênea. Havia psicólogos, professores, contadores de história, professores de pré-escola, sendo essa última categoria a mais numerosa. No último dia da oficina, duas alunas, Aline e Lilian (CEI Aurélio Pacagnella) me entregaram um vídeo produzido com seus alunos da pré-escola, tendo como base um tópico da minha aula: Poesia e crianças. Usei um poema de Paulo Leminski A LUA NO CINEMA, para sugerir algumas técnicas bacanas que poderiam ser trabalhadas com crianças. E qual não foi minha surpresa quando assistimos ao vídeo:
Na frase final do poema, a lua tristinha diz: Amanheça, por favor!!!!!!!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

SAUDADE DA MINHA MÃE...

Ela olhava o mar
E pensava em nós...
Pra ela era: nós e o mar

EU TENHO ALMA...

Conversa vai...conversa vem..., e pelo telefone mesmo, ela diz: fiz um poeminha agora, posso ler? e Ele, o poema, tem tudo a ver com o nosso papo descontraído e revelador. Tem hora que a mulher não gosta mais de partilhar "joguinhos de amor" para demonstrar seu interesse pelo homem. Há um tempo em que os joguinhos são a solução, quando somos adolescentes por exemplo, mas... o tempo passa e entendemos que o bom mesmo é ser sincero e dizer o que queremos dizer:

Uma pérola
pequena
nada fosca
em fio acetinado
em meu pescoço
acolhida,
reflete
teus cabelos
em meus seios pousados.
Fica comigo, eu digo.
Bebe em minhas taças,
seja meu amigo/amante.
Janta-me
não te esqueças, porém
de que tenho alma.
(poema de Mariza Ruiz)

DOS NOSSOS MALES


A nós nos bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenina.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais...
Mário Quintana

terça-feira, 14 de julho de 2009

PARABÉNS A VOCÊ NESSA DATA, QUERIDA!

Querida, já há algum tempo não estás mais entre nós materialmente, isso significa que espiritualmente estamos todos com você em nós, com sua alegria de viver, com sua risada contagiante, com suas mãos delicadas para afagar-nos, com seu gosto singular diante das coisas belas e simples da vida, e muito mais coisas que cada um de nós, que teve o privilégio de compartilhar contigo a vida, descobrimos a cada dia que passa... que você está viva, viva como sempre esteve e assim será por toda a eternidade!
Meu carinho e amor estarão sempre iluminados pelos seus raios... Viva! Viva! 15 de julho de 2009.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

CINEMA: A MULHER INVISÍVEL


Claudio Torres dirigiu entre outros, O Redentor, filme que assisti e que fiquei com a sensação de que a ficção é uma das maneiras de fazer com que a gente reflita sobre nossas próprias “ficções”. No novo filme o diretor retoma o tema ampliando o seu sentido, dessa vez o protagonista, abandonado da pior forma por sua esposa, arruma uma maneira de se defender e se safar do infortúnio, busca na imaginação o remédio para seu mal. Cria assim, a mulher que ele sempre sonhou ter... e ela chega do modo mais simples: a vizinha, batendo à sua porta e pedindo uma xícara de açúcar emprestada, um detalhe: ela é invisível aos olhos alheios. Tendo isso como mote, o diretor constrói o seu recado. Saí do cinema rindo... a viagem é interessante, encontramos a irmã amiga, conselheira; o patrão , a amante, o amigo, enfim pessoas que nos remetem às nossas próprias relações afetivas quando em situações que necessitamos de um ombro. Também nos colocamos em xeque com relação às nossas fantasias..., principalmente às nossas fantasias em relação à escolha da pessoa amada. Agora pergunto: idealizar a pessoa amada é uma fantasia ou a fantasia já vem imbricada em nossa escolha amorosa?

sábado, 4 de julho de 2009

CASA DE CORA CORALINA NO ALUMIAR

O texto a seguir foi escrito pelo Alumiar através de Mariza Helena Ribeiro Facci Ruiz, poeta, terapeuta floral e tantas outras "cositas más"... Só quem tem olhos doces como você é capaz de ver e escrever com tanta poesia em cima da própria poesia ... Obrigada!
Visite o site do jornal Alumiar: www.alumiar.com, para ler mais textos de Mariza.

Cora Coralina


O que é que a casa da Cora Coralina faz em Ribeirão Preto, na Praça XV? Veio talvez pelos ares a imitar cena do Mágico de Oz e foi depositada ali, por onde todos passam, em movimentada Feira do Livro? Certamente não amassou bruxa nenhuma.
Pousou para trazer em espírito Ana Lins dos Guimarães Peixoto – a Cora Coralina –, poeta, escritora, doceira e mulher de extrema bravura e coragem. Pousou para trazer em carne e osso, Tina de Oliveira, artista, cantora e contadora de estórias, representando com alma e gosto a Patrona da Feira.

A casa abre suas portas e as pessoas entram. As crianças sentam-se na frente, no chão. O espaço lota-se. Eu me sento na turma do gargarejo e aguardo. Virá como Cora a atriz? Virá transformada de que forma?
Como se inundou desta vez do personagem? Nas paredes vejo as imagens que reproduzem o universo da poeta goiana. São grafites incríveis: ali estão fogão, poltrona preferida... Começo a sentir que estou realmente perto de Cora. Tina Oliveira entra. Não é Cora. Seus movimentos são ágeis e seu falar, também. É Tina no entanto seu vestido é de molde antigo, com gola bordada. Ela canta música do passado, a modinha “Fechei na mão um sorriso” que certamente foi ouvida por Ana/Cora. A letra fala de amor e de ser infeliz. É Cora. Ela tem na mão um desenho de lábios coloridos, esboçando sorriso que faz a alegria e o fascínio das crianças que assistem. É Tina.

Ela conta estória da antiga China, em que dois jovens se apaixonam, a jovem filha do mais rico Mandarim, o jovem um filho de ninguém. Fala da dificuldade de ficarem juntos, dos percalços, da fuga para lugar longínquo. O retorno, o pai que perdoa, o felizes para sempre. Como sempre suas mãos gesticulam configurando as cenas, os sons onomatopaicos enchem nossos ouvidos. É Tina. Ela incita as crianças a participarem e como sempre são elas que entendem tudo e que respondem a contento com propriedade e muito coração.

Ela conta estória da escrava judiada por tenebrosa senhora. Obrigada a dormir no chão perto da tirana, a menina tinha de levantar quantas vezes fosse chamada e não dormia direito. Um dia porque quebrara louça da senhora foi obrigada a andar com um colar de cacos da louça quebrada e uma noite um dos cacos se lhe enterrou no pescoço e a menina morreu por conta da maldade de sua algoz. As crianças arregalam os olhinhos e ficam impressionadas. É Tina.

Então Tina fala de Cora. Das estórias que ela ouvia. Da estória do Prato Azul Pombinho, que expressa em forma de poesia, contando a estória do Mandarim que ela ouvira de sua avó, contando que ao quebrar o prato, ela recebera um castigo similar ao da escrava. Agora está tudo claro, mas percebo que esteve desde o princípio. Não há Tina e não há Cora. Há Cora e Tina todo tempo. Tina inundada de Cora.

Realmente a casa foi pousada como no Mágico de Oz e veio com ela a poeta Cora Coralina. Ela ficou lá esperando por Tina Oliveira, certamente saiu muitas vezes para encontrar-se com ela, talvez em sonhos, nesses espaços onde a fantasia é possível.

Agora na tela está Cora Coralina. Seu rosto se estampa bom e lindo. A lindeza vem de um lugar especial, delicado e ao mesmo tempo forte. Não passa por padrões estéticos, ultrapassa-os assim como ultrapassa a idade. Ficamos ali, transidos, a ouvi-la falar de sua vida, da importância da poesia. “Até mesmo do lixo se faz poesia, ela diz” “Eu não tenho nada, mas nada me falta”. Mais uma vez Tina escolheu o que nos toca o coração. Ninguém vai se esquecer de Cora Coralina, nem de Tina Oliveira. Elas penetraram em nós via lado esquerdo do peito, singelamente, como nos versos abaixo, que terminam o espetáculo.

Chorei sozinha minhas mágoas de criança.
Depois, me acostumei com aquilo.
No fim, até brincava com o caco pendurado.
E foi assim que guardei
no armarinho da memória, bem guardado,
e posso contar aos meus leitores,
direitinho,
a estória, tão singela,
do prato azul-pombinho.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

HISTÓRIAS LEGAIS NO BEQUINHO DE CORA

Terminou a Feira do Livro. Conseguimos completar 50 apresentações no “Bequinho de Cora Coralina”. Essas 50 apresentações foram divididas em duas: um mix com duração de 30 minutos, para arrebanhar crianças que estavam ociosas e o espetáculo todo com duração de 50 minutos para o público em geral. Muitas histórias bacanas aconteceram com a platéia infantil.

Na história da Princesinha Lui e o plebeu, o velho mandarim, pai da princesa, pede aos soldados que coloquem fogo no quiosque e tragam os corpos tostados para ele ver, mas os soldados não encontram os corpos e o mandarim olha para o mar e vê um barco com quatro bracinhos acenando alegremente. Eu pergunto para a platéia: Quem são esses bracinhos? Um garotinho (uns 5 anos) grita:
- Os corpos.
Foi uma risada só, com direito a aplausos para o garotinho, que cá entre nós mereceu.

O mix do espetáculo tinha outro formato, especial para crianças da pré-escola, na abertura faço uma dinâmica com minha caixa de histórias, e tiro de dentro o livro da Cora Coralina e peço que eles escolham qual das duas histórias devo contar: uma com final feliz e a outra uma história muito triste. Em todas as sessões foi unânime a escolha pela história muito triste. Achei esse dado interessante. Será que a identificação com a tristeza é mais forte do que com o final feliz? Eles já sabem que na vida nem tudo é final feliz?

Na história da escravinha Jesuininha, o momento crucial e mais triste é quando o caco fura a veia do pescoço dela, todo o sangue de seu corpo se esvai por esse buraquinho, durante toda a noite.
Nesse momento, dois irmãozinhos sentadinhos juntos. O menino olha pra cara da menina e diz: Nossa! Que cara! Ela olha pra ele, junta as mãozinhas fazendo um colar com as mãos e diz: Era CACO DE VIDRO com a carinha mais triste do mundo. Riso geral da platéia.

Aquela 5ª. Série da professora Marisa:
Uma classe de 5a. série, professora bacana, perderam a hora no Planetário, não tinham onde ir, entraram no Bequinho. Foi a coisa mais linda que eu já vi. No final, depois de tudo explicado, todos lemos juntos a última estrofe do poema O Prato Azul-Pombinho. A classe toda lendo devagar por não ter fluência dominou o auditório e todos (os adultos) leram naquele andamento. Logo depois da leitura, sem intervalo nenhum, as luzes se apagam e eu entro cantando Amo-te muito, não dei conta e chorei cantando a música. Não me lembro de ter passado uma experiência dessa antes. Nem dessa: na fila dos abraços, várias crianças me abraçaram chorando... Aí choramos e rimos juntos. Foi incrível. Uma compensação assim, apaga qualquer dor no coração da gente.

Numa das apresentações comecei a contar a história da Jesuininha explicando sobre a Dona Jesuína, um pouco diferente das outras vezes, uma garotinha, assistindo o espetáculo pela segunda vez, cutuca o Rodrigo (que estava cuidando do vídeo) e diz assim:
- Ela mudou essa parte!!!!!!

O dia 24 (quarta-feira) foi o mais difícil. Entra uma turma de adolescentes absortos, com pensamentos distantes, menina fazendo trancinhas no cabelo da outra durante o espetáculo, outros mexendo no celular (mesmo desligado), olhares de desdém para mim, enfim crianças que não são acostumadas a ouvir histórias, pois requer atenção. Sofri demais. Na apresentação da noite, uma senhora sentada na primeira fila (Dona Estela) muito carente de "ouvidos", falava MUITO alto comigo, interrompendo o meu raciocínio, durante toda a apresentação. Foi muito difícil. Pessoas saíram, outra chegou a sentar-se ao lado dela e dizer-lhe baixinho: "ela precisa se concentrar, quando terminar a senhora conversa com ela". A Dona Estela muito "senhora de si" diz em alto e bom tom: MAS EU SÓ ESTOU AJUDANDO ELA. Agora, escrevendo aqui, acho engraçado... Mas na hora foi muito difícil. No final, na fila dos abraços, ela falou baixo pra mim: "Você me perdoa?" - E eu calmamente respondi: "Dona Estela a senhora não precisa de perdão, a senhora pode tudo". Estou salva, pensei!
Os monitores do stand da Vivo, ali coladinho à Casa da Cora, foram assistindo, geralmente dois por vez. E três assistiram essa sessão da Dona Estela. Então, passamos a ter um código ali no meu pedaço, quando eles me viam por ali diziam: Olha que chamo a dona Estela hein!!!!! heheheheh

O César, monitor de som do espetáculo, ainda não havia assistido o Mix. Quando eu tento abrir a caixinha, que é “sistemática”, e ela não abre eu começo a sofrer dizendo que se ela não abrir não conseguirei contar a história e tal... Nessa primeira sessão do César, eu perguntei a ele alto:
- César, você colou a caixinha?
Ele mais que depressa, “para me salvar” diz:
- Sim, colei.
Tive que arrumar um jeito de dizer que a caixinha não aceitava cola de outra pessoa que não fosse eu...
O improviso na contação de história às vezes, coloca a gente em apuros.

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