Onze horas da manhã ensolarada de um domingo caminhei em direção à rodoviaria. São Paulo era meu destino. Comprei a passagem para meio dia, pensei que pouca gente pudesse estar viajando nesse horário, mas enganei-me. Quase lotação. Sentei-me no quarto banco – corredor. Ao meu lado uma garota. Meio dia e dez minutos passados e nada do ônibus sair. Quase meia hora de atraso quando entra meio esbaforido um homem com bonitos cabelos grisalhos e óculos escuros modernos, carregando na mão uma sacola branca de plástico duro. Encontrou na segunda fileira o seu lugar. Levanta a sacola e começa guardá-la no porta malas que fica nas laterais do teto do ônibus. Meus olhos levantam-se do livro que estava lendo e fixaram a ação do homem guardando sua sacola quando, num átimo de segundo, de dentro da sacola escorrega uma cartela de ovos caipiras, visto que eram grandes e vermelhos. O homem, desesperado, tenta pegar os ovos que vão se espalhando no ar, no primeiro que ele bate a mão, na tentativa de segurá-lo, o ovo faz uma curva no ar e bate bem no coco do passageiro todo arrumadinho e de cabelos ainda molhados do bom banho tomado antes do embarque. O passageiro levanta uma das mãos na tentativa de livrar-se da futura omelete, mas seu gesto é em vão, o ovo bate em sua cabeça deixando o rastro amarelo forte de ovo caipira escorrer cabeça a baixo. A mão em concha tenta impedir que gema e clara, obedecendo a lei da gravidade, escorram para dentro de seu ouvido.
Enquanto isso o malabarista de ovos dá um outro tapa certeiro na peteca-de-ovo em busca de salvaguardar a outra passageira do perigo. Ela olha extasiada para o ovo voador que insiste em ir para seu lado, levanta a mão mas rapidamente o ombro desnudo da passageira passa a ter uma cor diferente – amarelo manga.
Eu extasiada com a seqüência desses acontecimentos comecei a ser sacudida por dentro por uma forte vontade de rir que foi aumentando e eu já imaginando o que aconteceria quando de minha boca explodisse a risada-característica-de-coisas-que-acho-muiiiiiito-engraçadas. Antecipei o ato tapando minha boca, o que não foi boa idéia, já que o riso sufocado ao encontrar o escape entre os dedos explode de forma pior do que a risada normal. Não suportei e explodi. Ri. Mas ri com tanta vontade que a minha companheira de poltrona e o casal ao lado foram contaminas e começaram a rir também de mim e o riso foi total.
O homem dos ovos caipiras, colocou as mãos na cabeça e olhava o estrago, não conseguia acreditar no que via, balançava a cabeça negativamente e dizia sem parar – “ Não pode ser, não acredito que aconteceu isso comigo”. Quando sentiu que risos pipocavam no ar ele olhou fixamente para mim e disse: “ A senhora vai ter muito que contar para sua vizinha e o senhor aí, já te aconteceu uma dessa? Tenho certeza que não, só comigo poderia acontecer “, essas palavras dele fizeram minha explosão de risos aumentar, e o casal e a moça ao meu lado, todos rimos muito até que com a chegada da faxineira da rodoviária os risos foram se acalmando enquanto ela espreiava um líquido cheiroso no chão e nas poltronas batizadas, limpando o estrago.
Nesse momento começou minha agonia, somente eu não conseguia parar de rir. Em minha cabeça passava somente o filme em câmera lenta, dos braços do homem no ar tentando segurar a chuva de ovos. Comecei a pedir a Deus, pensar em alguma simpatia, rezar, enfim queria que alguma coisa fizesse eu ter pensamentos tristes para parar de rir, isto é, de sacudir na cadeira e enxugar as lágrimas que não paravam de descer de meus olhos risonhos e desesperados. Talvez, neste momento, eu tenha sofrido mais do que o homem-dos-ovos-caipiras. Os músculos do meu estômago começaram a se contorcer e quanto mais eu tentava parar de rir mais a risada saía com tudo. Até seria bom que eu perdesse o fôlego, assim, roxa eu pudesse parar de rir. Quase comecei a chorar de desespero, mas quem iria acreditar que era esse o sentido de meu riso?
Foi então que quando já estava começando a roxear fui voltando a mim sem saber como e o por quê. Mais calma, finquei meus olhos na leitura e com a cabeça baixa, para que nada fizesse a cena voltar à minha mente, fui acalmando... acalmando... até como fiquei: quieta e séria. Pronto acalmei.
Quando tudo já estava tranqüilo dentro do ônibus um telefone toca, era o do homem dos ovos, ele atende e começa a relatar o acontecido para alguém, que do outro lado da linha respondia com voz estridente de mulher palavras incompreensíveis para nós, mas que o homem respondia com “eu sei, eu sei, como pude ser tão idiota e não embrulhar os ovos.
Meu Deus, e agora? Os músculos do meu estômago começaram a se contorcer e eu senti algo chegando, era o riso vindo... vindo... vindo... ovante como nunca. Tina oliveira
Tinis...a história dos ovos é bem legal!kkkk...ja aconteceu isso comigo no cinema de rir até chorar e o povo ja nao ria mais! Que mico!kkkk....mas é riso bom que libera a alma!rs...bom domingo linda! Lisinha
ResponderExcluirchorei de rir aqui...
ResponderExcluirem também da menina nilceando...rs