quinta-feira, 21 de maio de 2009

Impressões da Contadora de Histórias

SEBO LITERÁRIO E ALGO MAIS – 75 anos da USP
Espetáculo realizado no palco do Espaço Cultural Capela da USP
20/05/2009 – 10:00h

VAI HISTÓRIA AÍ?

“A atriz Tina Oliveira, ao contar histórias, cria um ambiente de divertimento e interação com o público infantil propício para a vivência da magia e do encantamento contidos nas histórias.”


A apresentação seria às 10h da manhã. No caminho imaginei meu público: umas 40 crianças da creche Carochinha, com idade de 0 a 6 anos, minha concentração deveria ser dobrada, pois quanto mais novo o ouvinte, mais cuidado e atenção com as palavras, são necessários. O palco caprichado com luz quente e o som perfeito. Minhas crianças ali... esperando o aparecimento da contadora de histórias. Só de ouvir do camarim o som ondulante dos gritinhos e risos vindos da platéia, o coração dispara. Dito e feito.
Até que todos sejam fisgados, há que ser calma e mais olhar nos olhinhos, que são medidores de atenção em primeiro lugar. Olhos nos olhos fisgados, então podemos começar a brincar... As professoras também são público importante nessas ocasiões, as crianças adoram compartilhar o divertimento com elas, e como as professoras aproveitaram! Riram, cantaram, dançaram e gozaram, comigo e com as crianças, bons momentos de alegria.
INTERAÇÃO COM AS CRIANÇAS:
Da recepção:

Utilizo a música conscientemente para iniciar minhas apresentações, por acreditar que essa arte prepara o coração das pessoas, no momento da canção os espectadores se concentram e se envolvem comigo. Não foi diferente com as crianças da creche Carochinha. No final da canção de abertura, fiz reverência aguardando os aplausos, um garotinha entusiasticamente gritou: - Bravo!
Eu, como não esperava essa manifestação tão "adulta", comecei a rir compartilhando com as professoras a euforia da criança, criando um clima de aprovação e surpresa. Após esse epísódio, toda vez que eu terminava uma canção, era uma chuva de: - Bravo!.
E ainda tem gente que pensa que criança não reconhece facilmente, um momento envolvente.
A contadora em apuros:
Uma criança que estava bem próxima, disse baixinho pra mim:
- Quero ir ao banheiro!!!
Passei o recado para todos em linguagem labial. Todos entenderam e riram, a professora falou pra criança:
- Agüenta mais um pouquinho...
Eu colocando as mãos no sexo e dobrei os joelhos, como quando estamos “apertados” para ir ao banheiro, rapidamente soltei:
- Acho que ele tem que ir agora senão vai ficar assim. Deixa o Rafael ir ao banheiro professora...
As crianças começaram a rir alto e muitos gritaram "não é Rafael, é Rafaela". Em meio a risadas, a professora levou a Rafaela ao banheiro. Não toquei mais no assunto, mas uma pulguinha ficou gritando ao meu ouvido: "confundiu menina com menino, e nem se explicou". Estou tentando até agora, descobrir o que eu poderia ter dito naquela situação, e não encontro respostas. O que me conforta é que mesmo depois da "gafe" Rafaela divertiu-se muito não aparentando nenhum trauma de "gênero". Ufa!
A contadora aproveita:
Em roda, todos com uma colher de pau imaginária nas mãos, inclusive as professoras, iríamos preparar musicalmente uma sopa deliciosa!
No primeiro refrão a cantora diz: É um, é dois, é três, depois de dois compassos a letra continua, na pausa do compasso, ao meu lado a menina gritou solitária:
- É quatro!
Na primeira vez, somente a voz dela soou. Nós duas rimos. Na segunda vez, incorporei o "é quatro" na canção. Eles entenderam e a partir daí assumimos, todos, cumplicidade no erro. Isso foi muito divertido... E eu ganhei uma criança!!!!!!!!!
A apresentação foi repleta de “pérolas infantis” e nós, os grandes, nos divertimos muito. É um dos grandes prazeres de contar histórias para o público infantil.

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